terça-feira, 6 de outubro de 2009

Entrevista com Pacelli para o site do ENCOB.

Entrevista com fotógrafo com quem eu trabalho e me orgulho sempre, Eugênio Pacelli. Escrito pela jornalista Nany Mata da agência Executiva de Belo Horizonte.
Outras novidades sobre o ENCOB ainda essa semana. Aguardem!

''Pacelli enquadra imagens da região da Bacia do Araguari
06/10/2009

Pacelli acredita que a natureza deve ser contemplada.
“Mineiro da gema e uberlandense de coração”, como ele mesmo se define, Eugênio Pacelli Ribeiro, é o autor de várias das fotos que compõem este portal e de imagens que poderão ser vistas em exposição durante o XI Encob, entre os dias 9 e 13 de novembro em Uberlândia. Aos 50 anos, fotógrafo profissional há 24, ele já trabalhou no jornal Correio de Uberlândia e na Secretaria de Cultura da cidade. Já foi também professor universitário e hoje tem seu próprio estúdio. Não por acaso, o fotógrafo foi escolhido para trabalhar em parceria com a organização do Encob, com um trabalho conceitual, Pacelli tem em seu portifólio uma série de fotografias relacionadas ao meio ambiente e ao uso das águas. Em entrevista, ele fala sobre como começou seu trabalho e a respeito da relação entre fotografia e meio ambiente.
- Como se envolveu com fotografia?
Adoro foto. Assim que comecei a trabalhar, no IBGE, na Praça 7 de setembro, em Belo Horizonte, usei meu primeiro salário para comprar uma câmera, uma Praktica MTL3. Era uma câmera distante das boas, mas foi com ela que aprendi todos os recursos de uma câmera.
- Você começou fotografando o que?
Tudo. Eu adorava, e ainda adoro ensaiar, ir atrás da imagem. Acho que a imagem não simplesmente se apresenta a você, você busca a imagem. Você inventa, reinventa. Fotografar é uma atividade constante de leitura e releitura.
- Quais as características mais marcantes do seu trabalho?
Não gosto de simplesmente chegar com a câmera e clicar, embora minha escola tenha sido o fotojornalismo, que é o instantâneo e o rápido. Gosto de observar o que está a minha frente, procuro imaginar o que vai acontecer posteriormente. Então, me posiciono e aguardo acontecer. Procuro fazer o diferente, encontrar ângulos diferentes. E uma característica muito minha é de sempre pensar na foto antes. O que vou fazer com ela? O que vou mostrar com ela? O que eu quero que as pessoas entendam dela? Ou seja, a foto passa por uma concepção anterior, eu imagino a foto e depois vou executá-la.
- Por que fazer fotos do meio ambiente?
Bom, eu acho que a natureza é o tipo de imagem que mais se apresenta a você. Desde pequeno fui ensinado a ver o meio ambiente de uma forma contemplativa. A fotografia tem muito disso, é um instante, um momento, um quadro que você é levado a contemplar. A fotografia é subjetiva, é uma abstração da realidade. A partir do momento que você enquadrou e tomou aquela imagem, de alguma forma, contemplou aquilo ali e vai poder contemplar sempre tal imagem, além de levá-la a outras pessoas.
O gosto pelo conceitual pode ser percebido pela foto acima
- Então, se o meio ambiente é bom para a fotografia, como ela retribui?
Eu vejo a fotografia de uma forma holística, acredito que a parte contém o todo. Assim, por meio de pedaços e recortes somos levados a compreender a natureza das coisas e podemos ver, assim, a unicidade do universo. Vejo a fotografia da seguinte forma: você passa por um mesmo caminho diversas vezes e não se atém a nada, pois aquele caminho parece a mesma coisa sempre para você. Mas, se você começa a observar, percebe que aquele caminho é muito dinâmico e com uma câmera fotográfica, você pode registrar aquilo. Então, por meio da compreensão e da sensibilização que a fotografia te leva a ter, você passa a respeitar muito mais o meio ambiente. O mundo é fantástico, tudo é muito bonito, falta parar e contemplar. É aí que entra a fotografia, que tem a função de não mostrar o óbvio ou mostrá-lo de forma diferente. A luz, o plano e o ponto de observação mudam tudo. Então, por meio disso tudo você compreende até o olhar do outro.
- Vamos falar um pouco sobre a região. Você nasceu em Patos de Minas, quando se mudou para Uberlândia?
A primeira vez foi em 1982, para trabalhar no IBGE, depois passei uns anos fora e voltei em 1988, quando já havia me profissionalizado como fotógrafo. Até então, eu fotografava apenas como hobby.
- Você se considera de Uberlândia?
Eu me considero do mundo. Sou mineiro da gema, uberlandense de coração. E gosto de ser mineiro. O mineiro tem essa característica de ser pacato, mas tem um lado muito pessoal, intimista, caipira mesmo de olhar nos olhos das pessoas e dizer “bom dia”, “boa tarde”, “como é que vai a senhora?”. É uma forma muito simplória de lidar com o universo e acho muito legal.
- E quais peculiaridades da região?
Uberlândia é uma cidade cosmopolita e comercial e eu gosto de atuar nesse segmento. '']

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